BIOGRAFIA - COMPAY SEGUNDO (1907-2003)

Maximo Francisco Repilado Muñoz, nasceu em 18 de Novembro de 1907 em Siboney, Santiago de Cuba. Torna-se Compay Segundo apenas em 1948, ano em que fundou o duo Los Compadres, no qual atuava como segunda voz, conhecida em Cuba como 'Segunda'.

Compay era um auto-didata e começou muito novo a tocar guitarra, depois aprendeu a tocar Tres, uma guitarra tipicamente cubana, com três cordas. Inventou o 'harmónico', uma guitarra de sete cordas (as normais contam com seis), em que a terceira, a nota Sol, surge dobrada uma oitava acima.

Sua voz rouca e redonda e o estilo inimitável - sempre impecavelmente vestido, chápeu panamá branco e um cigarro na boca - destacaram-se sobretudo em Havana a partir de 1934. Com ele, o 'son', música rural do fim do século XIX, ganhou uma nova roupagem e também um novo ídolo. Também flertou com a guaracha, bolero e ritmos caribenhos.

Aos 15 anos escreve a sua primeira música, "Yo Vengo Aqui", com a qual consegue o seu primeiro sucesso. Nessa altura passa por vários conjuntos: o quinteto Cuban Stars de Nico Saquitos, a Banda Municipal de Havana, o quarteto Hatuey de Justa Garcia (com o qual viajou ao México e participou de dois filmes, México Lindo e Tierra Brava) e ainda o Conjunto Matamoros. Em 1948 forma o duo Los Compadres com Lorenzo Hierrezuelo. Estamos nos anos 40 e Compay não só deslumbra Cuba como toda a América Latina.

Em 1956 criou o grupo Compay Segundo y sus Muchachos, com quem trabalhou até sua morte. Compay passa a integrar a orquestra do Buena Vista Social Club, o local de talentos de Havana e também um dos espaços mais frequentados da cidade. Este mítico cabaret, entretanto destruído, contribuiu em muito para o aumento da popularidade da música afro-cubana durante a era Battista, com Compay na guitarra e na voz, Ruben Gonzales no piano e Omara Portuondo e Ibrahim Ferrer nos coros. Todos eles figuras de destaque do filme-documentário de Wim Wenders, intitulado "Buena Vista Social Club" (1998).

O triunfo da Revolução Cubana em 1959 culminou com o embargo econômico dos Estados Unidos e Cuba ficou isolada... O dinheiro do turismo desaparece e as portas do Buena Vista Social Club, assim como de outros cabarets de Havana, são fechadas e Compay foi obrigado a interromper as atuações noturnas, passando a enrolar charutos numa fábrica durante vários anos, o que provocou um longo período no ostracismo. Para Compay esta foi uma época abençoada, porque considera um charuto tão importante como a música, ambos indispensáveis à vida.

Na década de oitenta Compay voltou a fazer música em Cuba e participou de concertos na América Latina, Estados Unidos, Portugal e especialmente na Espanha, onde gravou seus últimos discos. Em 1995 Compay teve uma antologia sua organizada por Santiago Auserón, e foi o início de sua consagração internacional e a retomada de sua carreira artística.

Em 1996 Compay Segundo participou ativamente do projeto Buena Vista Social Club, um disco produzido pelo guitarrista Ry Cooder, em que se reuniram os grandes nomes da música cubana, como Ibrahim Ferrer, Juan de Marcos González, Rubén González, Manuel "Puntillita" Licea, Orlando "Cachaito" López, Manuel "Guajiro" Mirabal, Eliades Ochoa, Omara Portuondo, Barbarito Torres, Amadito "Tito" Valdés e Pio Leyva. O disco foi premiado com o Grammy e promoveu um ressurgimento fabuloso de músicos cubanos que, em alguns casos, estavam no esquecimento por mais de 10 anos. O álbum também é o tema central do documentário homônimo, dirigido pelo cineasta alemão Wim Wenders.

Aos 94 anos, exercitou uma nova faceta artística ao estrear nos palcos como ator, na peça que ele mesmo escreveu, intitulada "Se Secó el Arroyto" ("Secou-se o Pequeno Rio"), baseada em uma de suas canções e que narra os amores frustrados de um jovem casal nos anos anteriores à Revolução Cubana (1959). Apesar de abordar assuntos políticos nas suas canções, o músico nunca se viu envolvido em problemas que o obrigassem a sair de Cuba, uma situação vivida por muitos outros artistas.

Compay Segundo carregou consigo um pouco da história da música cubana e nunca fez segredo da sua alegria de viver: o charuto, as flores, o rum e as mulheres. Deixou cinco filhos, das várias dezenas de mulheres que assume ter tido.

O músico cubano morreu aos 95 anos no dia 13 de Julho de 2003 - em decorrência de uma insuficiência renal - em sua casa em Miramar, bairro de Havana. Número de azar ou não, o certo é que no dia 13 a música a ficou mais pobre.

"Grandes Exitos" (2000)

1. Filiberto
2. Juramento
3. Un Jardinero De Amor
4. Oui Parle Francais
5. Te Apartas De Mi
6. Me Diras Que Sabroso
7. El Calderito
8. Pobre Corazon
9. Francisco Guayabal
10. Maria En La Playa
11. De Jatibonico A Bolondron
12. Como La Avellaneda
13. Descripcion De Un Sueno
14. Sanluisera
15. Chicharrones Con Tostones
16. A La Casa De La Trova
17. Alli Donde Tu Sabes
18. La Pulidora
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