Ministry, uma das bandas mais pesadas de todos os tempos, é sinônimo de Rock Industrial. Foi a primeira a unir os riffs do Heavy Metal com bateria eletrônica, sintetizadores e samplers.
É difícil falar sobre a importância do Ministry para as variantes do Heavy Metal tradicional que viriam a surgir mais à frente, mas basta dizer que, sem Ministry, bandas como Nine Inch Nails, Rammstein, White Zombie, Fear Factory, Skatenigs e até Slipknot não existiriam (e muitas outras ...)
A sonoridade pioneira da banda também serviu paraa turma que gostava de metal ou rock pesado quebrar o preconceito com a sonoridade eletrônica, e vice-versa. Mas não podemos falar que o Ministry era um grupo comercial ou que tinha um som acessível, porque isso não refletia de jeito nenhum realidade da banda.
O líder Alain Jourgensen nasceu em Cuba, em 1958. Filho de refugiados, mudou-se para os Estados Unidos com sua mãe e passou a pular de cidade em cidade.
Trabalhou como DJ em rádios até criar o grupo Special Affect, junto com Frankie Nardiello (My Life With the Thrill Kill Kult), mais conhecido como Groovie Mann. Em 1981, com o baterista Stephen George, montou em Chicago o Ministry e lançou o single Cold Life, pelo selo Wax Trax!, com um som muito próximo ao feitos por grupos como Human League e Thompson Twins.
1983
Assinam com a gravadora Arista, por onde lançam 'With Sympathy', mantendo a mesma linha do trabalho anterior, o synthpop. Jourgensen disse, numa entrevista à revista Kerrang!, que o álbum não valia nem para ser roubado e que tinha sido gravado sob pressão da gravadora.
Insatisfeito com o resultado, Jourgensen volta a trabalhar com a Wax Trax, gravando diversas músicas com um estilo totalmente diferente e surge o projeto Revolting Cocks.
1986'Twitch' (uma coletânea com os singles do grupo, sendo que metade das faixas são remixes) é lançado pela Sire Records. É um álbum mais denso de que o seus primeiros lançamentos, já contando com vários samplers.
Durante a turnê do disco Jourgensen conhece Paul Barker, baixista do The Blackouts, e à partir daí forjam uma parceria que duraria quase 20 anos. Também neste ano o Ministry embarca numa turnê européia ao lado do Front 242, é aí que o som do grupo começa a ficar mais pesado.
1987
Jourgensen trabalha com Nivek Ogre, do Skinny Puppy, no projeto PTP e resolve reativar o Ministry, agora com o baixista Paul Barker como membro oficial. O baterista Willian Rieflin, Mike Scaccia na guitarra e o vocalista Chris Connelly entraram no time como colaboradores.
Com esta formação lançam 'The Land of Rape and Honey', o divisor de águas da banda. Quebrando todos os conceitos vigentes, abusando dos samplers, sintetizadores, guitarras e vocais distorcidos, foi o pontapé inicial no que viria a ser conhecido como rock industrial. É deste álbum os primeiros hits do grupo, como Stigmata e The Missing, além da faixa título.
1989Dois anos depois lançam 'The Mind is a Terrible Thing to Taste', seguindo à risca o estilo criado no álbum anterior. Um mix de guitarras pesadíssimas ligadas ao thrash metal junto com um ótimo trabalho de percussão e quilos de sintetizadores, dando forma ao pesadelo industrial que seria a marca registrada do Ministry.
Boa parte dos clichês do estilo feitos hoje em dia tem como influência direta este trabalho. Destaque para a faixa Thieves, que fez muito sucesso nas baladas indies aqui no Brasil, nos anos 80.
1990/1991
'In Case You Didn´t Feel Like Showing Up', álbum gravado ao vivo, reflete a turnê de The Mind Is... e agrega novos colaboradores para a banda: o baterista Martin Atkins e o guitarrista Willian Tucker.
Logo depois do lançamento do álbum ao vivo, Jourgenses volta-se para o Revolting Cocks, contando com a participação da dupla do Front 242 no projeto. Além do Revolting Cocks ele trabalha com Jello Biafra no projeto Lard e Trent Reznor (do Nine Inch Nails) com o 1000 Homo DJs e cria vários outros projetos: Acid Horse, Pailhead e Pigface.
O Ministry volta ao trabalho com o single Jesus Built My Hotrod, música co-escrita por Gibby Haynes do Butthole Surfers e que contou com uma super-exposição na MTV, antecedendo o álbum 'Psalm 69', lançado no ano seguinte. Este primeiro single foi muito executado pelas rádios rock brasileiras. O disco bateu no top 30 das paradas americanas e conseguiu disco de platina, tudo graças a leve ajuda que a MTV deu, veiculando massivamente os clipes de N.W.O. e Just One Fix. No mesmo ano o grupo toca no Lollapalooza, com um novo guitarrista, Louis Svitek.
Independente do sucesso de Psalm 69, o excesso de drogas e problemas com a justiça fizeram o grupo perder muito tempo entre um lançamento e outro. A banda entrou em um acentuado processo de decadência e o grande número de projetos paralelos de Al Jourgensen e Paul Barker atrapalhou muito a criatividade da banda culminando com o disco mais fraco e criticado da carreira, 'Filth Pig'.
Jourgensen, então, volta a se dedicar a um de seus projetos e grava o primeiro disco do Lard, 'The Last Temptation of Reid' em parceria com Jello Biafra. Este álbum é um verdadeiro clássico do rock industrial, e Al se redime do fiasco de 'Filth Pig' .
Só neste ano um novo single do Ministry é lançado, Bad Blood, que entrou na trilha sonora do primeiro filme da série Matrix, abrindo o caminho para 'Dark Side of the Spoon'. O título deste álbum (O lado Negro da Colher) é uma referência aos problemas com o uso de heroína por parte dos membros da banda. O Ministry é indicado ao Grammy de 2000 com a música Bad Blood, mas perdem o prêmio para o Black Sabbath. Logo depois são dispensados da gravadora Warner.
Mostrando que os problemas nunca chegam sozinhos, o grupo estava escalado para se apresentar no Ozzfest, mas foi deixado de lado pela produção do evento. A saída da Warner também atrapalhou o lançamento de três discos ao vivo, pela Ipecac Records (de Mike Patton), baseados em material da turnê Psalm 69. Dos três discos prometidos, apenas um, o Live Psalm 69 Tour, foi realmente lançado na época ( um novo título, Psalm 69 Live, sairia em 2004).
Em 2001 o grupo participa do filme A.I., de Steven Spielberg, e grava uma canção para a trilha, a música é lançada na coletânea Greatest Fits. Apesar da grande divulgação o single não vende nada, mas ajuda o grupo a assinar um contrato com a Sanctuary Records. Pela nova gravadora sai o álbum 'Sphinctour', um trabalho ao vivo, feito sob medida para os fãs que ficaram desapontados com o não lançamento dos álbuns ao vivo, prometidos pela Ipecac Records.
É lançado um novo disco com músicas inéditas, 'Animositisonmina', marcando a volta da banda ao som feito em Psalm 69, ou seja, a volta de riffs furiosos e baterias eletrônicas na velocidade da luz.
O destaque do álbum é uma cover para The Light Pours Out Of Me, do Magazine.
2004
O baixista Paul Barker deixa o Ministry e Jourgensen convidou outros músicos para criar 'The Houses Of The Molé', e de acordo com várias críticas, a ressurreição do Ministry. The Houses Of The Molé é um fenomenal disco de rock pesado, com a conhecida mistura de industrial e metal que fez a fama do Ministry, e onde quase todas as faixas começam com a letra W (referência a George W. Bush, odiado pela banda).
No mesmo ano sai o disco 'Twiched', lançado apenas na Inglaterra, com versões para as músicas do álbum 'Twiche', de 1985.
2006
O disco Rio Grande Blood é lançado e o presidente norte-americano George W. Bush mais uma vez é alvo de boa parte das letras, que trazem gritos de revolta da população, trechos de discursos e palavras que se repetem. Além de Jourgensen, o line up no disco conta com Paul Raven (Killing Joke) no baixo, Tommy Victor (Prong), Mike Scaccia nas guitarras e Joey Jordison (Slipknot) na bateria.
2007
Com o lançamento do álbum 'The Last Sucker' é fechada a trilogia conceitual contra o governo do atual presidente norte-americano George W. Bush, iniciada por 'Houses of the Mole' e seguida de 'Rio Grande Blood'. Em julho deste ano também foi lançado o álbum 'Rio Grande Dub' com versões remixadas do disco 'Rio Grande Blood' (2006).
2008
Al Jourgensen cumpre sua promessa feita em 2006 e anuncia oficialmente o fim do Ministry após a turnê C-U-La Tour, iniciada em 26 de março e com a última apresentação em Dublin, em 26 de Julho. Entre os motivos para o término das atividades, ele destacou a manutenção de seu novo selo, 13th Planet Records, a produção de bandas, projetos paralelos e, principalmente, evitar que o Ministry se torne uma caricatura: "and doing crappy Aerosmith and Rolling Stones albums 30 years later", segundo as palavras de Al Jourgensen.
Triste ainda é constatar que a trilha dessa despedida é simplesmente um dos álbuns mais destruidores da carreira do Ministry, 'The Last Sucker'. Fica aquela sensação que o Ministry ainda teria muito mais para oferer.
O fim da banda deixa o mundo mais careta, mal-humorado e politicamente correto. Com a saída do baixista, ex-parceiro e único colaborador fixo Paul Barker em 2003 , o Ministry termina sua existência da mesma forma como começou - pelas mãos de Alain Jourgensen, como uma one-man-band.
Abaixo segue a trilogia anti-Bush criada por Al Jourgensen e seus asseclas:
HOUSES OF THE MOLÉ (2004)
1. No W
2. Waiting
3. Worthless
4. Wrong
5. Warp City
6. WTV
7. World
8. WYKJ
9. Worm
10. 23
11. 69
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RIO GRANDE BLOOD (2006)
1. Rio Grande Blood
2. Senor Peligro
3. Gangreen
4. Fear (Is Big Business)
5. Lies Lies Lies
6. The Great Satan
7. Yellow Cake
8. Palestina
9. Ass Clown
10. Khyber Pass
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THE LAST SUCKER (2007)
1. Let's Go
2. Watch Yourself
3. Life Is Good
4. The Dick Song
5. The Last Sucker
6. No Glory
7. Death & Destruction
8. Roadhouse Blues
9. Die In A Crash
10. End Of Days (Pt. 1)
11. End Of Days (Pt. 2)
3 comentários:
Cara!! sou rock'n roll até a tampa, adoro led, pink floyd é a minha droga... mas o ministry... esse som é definitivamente a base da minha vida. O ministry é um evento na minha vida.
Pois é Marcos...
Em tempos de Emos e outras tantas frescuras que se dizem rock'n'roll, encontrar um som como Ministry virou uma tarefa árdua, e grupos como este estão em extinção (isso se já não sumiram da face do mundo do rock).
E mais outra: Ministry é uma das bandas mais fodonas de todos os tempo. Na minha humilde opinião...
Me recordo da primeira vem que vi o vídeo NWO na MTV nos longínquos anos 90. Aquele riff de guitarra repetitivo e hipnotizante com aquela batida meio eletrônica (se é que existe isso) e Al Jourgensen regurgitando um inglês ininteligível foi um divisor de águas na minha medíocre vida musical até então.
Antes de Ministry eu ouvia Ratos de Porão e ficava com vergonha de dizer que gostava de eletrônica também. E eis que surge Ministry tocando Trash/Metal/PunkCore com bateria eletrônica!
Ministry foi a única banda que traduziu toda selvageria, ironia e divertimento de Little Richard e Jerry Lee Lewis pra nossa época caótica.
Isso é Rock´N Roll. Mesmo correndo o risco de parecer piegas: MINISTRY FOREVER!
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