quarta-feira, 28 de maio de 2008

BIOGRAFIA - JOHN FRUSCIANTE

Nascido em New York em 05/03/1970, a atividade musical de John Anthony Frusciante recebeu impulso aos nove anos quando descobriu a guitarra e o punk. Após o divórcio de seus pais mudou-se para o Arizona e encontrou na liberdade o caminho para viver em função da música. Com 15 anos de idade assiste ao seu primeiro show do Red Hot Chili Peppers em Los Angeles e daí em diante sua vida tomaria outro rumo. Após esse show, John fica fascinado com a capacidade de Hillel Slovak (primeiro guitarrista dos Peppers que morreu de overdose de heroína).

Com 16 anos saiu de casa, mudou-se para Los Angeles e passou a conviver com artistas locais, o que lhe proporcionou contato com músicos como Flea, o baixista de sua futura banda, os Red Hot Chili Peppers.

Foi logo após uma jam entre Flea, Frusciante e o ex-baterista dos Dead Kennedys, D.H. Peligro, que o baixista convidou o garoto-prodígio a integrar o cargo deixado pelo falecido Hillel Slovak. Influenciado principalmente pelo punk de bandas como Black Flag e The Clash e por guitarristas mais expressivos como Jimi Hendrix e Jimmy Page, John trouxe aos Peppers um misto de suas influências devidamente adaptadas para o funk californiano, bastante direcionado pelo estilo deixado por Slovak, de quem sempre declarou ser fã assumido. Sua chegada à banda foi o primeiro passo para que o quarteto começasse a galgar degraus rumo ao mega-estrelato, além de marcar a repentina mudança na história de seus dezoito anos.

Red Hot Chili Peppers


"Mother's Milk", disco em que estreiou, rompeu as barreiras do underground e transformou os Red Hot Chili Peppers em candidatos à nova grande banda a habitar o universo do mainstream. Faixas como "Higher Ground" e "Knock Me Down" (homenagem à Hilel Slovack) eram a trilha ideal para que os californianos exercessem sua postura descolada aos olhos do público. Tanto que, quando entraram em estúdio para gravar o sucessor de "Mother's Milk", receberam uma quantia considerável da gravadora Warner para deixá-los confortáveis o suficiente para criar "o" disco. E foi exatamente o que a banda construiu.

"BloodSugarSexMagik", de 1991, foi o álbum que jogou a banda nas alturas, local de onde nunca mais saiu. Recheado de funk e estilo, os rapazes conseguiram sintetizar todas as qualidades que tinham como quarteto, entregando um disco com muito feeling, atitude e amadurecimento sonoro, um clássico do rock'n'roll. Fruscianteconcentrou-se nas guitarras intuitivas, inaugurando uma série de timbres e características que tornariam-se marcas registradas em sua música, ponto fundamental na consagração artística e reconhecida qualidade musical do novo disco.

"Bloodsugarsexmagik" fez com que o quarteto parasse na ponta da língua do público, colocando-os em turnês gigantes e em todas as formas de mídia possível. O que deveria tornar-se o maior motivo de comemoração e realização pessoal do músico acabou enveredando para mais um lamentável caso de síndrome negativa do rock 'n' roll: Frusciante encontrou sérias dificuldades para lidar com as conseqüências do sucesso.


Fundo do poço


Já eventual usuário de heroína durante a turnê de "Bloodsugarsexmagik", o guitarrista anunciou sua imutável decisão de abandonar o barco, fazendo um último show no Japão sob apelo da banda. Assim que liberado, John retornou para a California, onde entregou-se à reclusão e ao uso constante de heroína, fato que veio determinar os seis anos seguintes de sua vida. Ele raramente saia de sua mansão (a mesma onde os RHCP gravaram o álbum Bloodsugarsexmagik), chegou a dedicar-se brevemente à pintura e à música de forma pessoal, buscando uma saída para seu vazio existencial.

Seu álbum de estréia em carreira solo, "Niandra LaDes And Usually Just A T-Shirt" saiu pela gravadora de Rick Rubin, American Recordings, em 1994, composto por faixas gravadas em simples gravadores de 4 trilhas dos tempos de "Bloodsugarsexmagik". O material mostrava um John diferente do até então conhecido, sua música abrangia tortuosos caminhos experimentais, claramente conduzidos pela influência do uso de químicos. A música estruturada de antigamente saiu do foco e tomava espaço a gravação de melodias desconexas, solos invertidos, sujeira e vocais inteligíveis. A música era para ele e mais ninguém, o que confirmava dificuldade de encaixar seus âmbitos artísticos no formato convencional exigido pela banda que abandonara.

John largou a música e os pincéis, passando os dias trancado em casa, vivendo as alucinações que a heroína lhe proporcionava. Sua mansão em Los Angeles era reduto de figuras recrimináveis em meio à uma grande bagunça - as paredes grafitadas mencionavam mensagens do tipo "Meus olhos doem". O local de odor pútrido e ambientação obscura teve de ser abandonado quando o dinheiro não mais existia para cobrir o seu aluguel.

John passou a viver em hotéis, sem paradeiro fixo, uma vez que era expulso dos estabelecimentos quando não conseguia cumprir com os compromissos. Quando sua renda estagnou, recebeu a oportunidade de lançar um novo disco solo através do selo independente Birdman, de David Katznelson. Frusciante viu na verdade uma chance de arrecadar mais dinheiro e manter seu vício em heroína. "Smile From The Streets You Hold" saiu em 1997, com material oriundo de sessões do disco-solo anterior e outras sobras (gravação de John aos dezessete anos e algumas participações obscuras de seu já falecido amigo River Phoenix), uma vez que o artista não vinha produzindo música há algum tempo. O disco carregou consigo uma áurea maldita, ainda mais obscuro e dilacerado que seu antecessor, traduzindo como poucos discos a lamentável situação psíquica em que se encontrava seu criador. John possui várias cópias desse cd em sua casa, pois tem vergonha deste trabalho, segundo ele mesmo, o álbum só serviria para sustentar seu vício com a heroína.

A escolha de John deixou sua condição moral e física no limite, sendo que, no auge do declínio, John já não tinha mais dentes, extraídos para evitar uma infecção fatal em seu corpo. Sua falta de higiene e total abandono de seu corpo esquelético retratavam a condição lastimável de usuário de drogas... Suas tatuagens foram distorcidas pelos abcessos resultantes do uso imprópio de agulhas. Seus cabelos já quase não existiam e suas unhas faziam parte do passado. Ele já não consumia mais alimentos sólidos, reduzindo sua dieta a substâncias líquidas geralmente utilizadas por doentes e idosos.

Estes lamentáveis fatos vieram à tona em uma reportagem do jornal L.A. Times, em que Frusciante se deixava retratar indiscriminadamente pelo repórter, e justificava sua escolha de vida, pela oportunidade que a droga lhe concedia para entrar em contato com "outras dimensões". Declarava-se pronto para a morte, incapaz de reconhecer-se como indivíduo longe da heroína, que, segundo ele, "dava-lhe aquele brilho nos olhos". Foi o passo final para que pessoas de fora fizessem-no mudar de rumo.



Volta por cima

Quando o respeitado guitarrista dos Red Hot Chili Peppers Dave Navarro abandonou a banda em 1997, o espaço mais instável do quarteto mais uma vez precisava ser preenchido. Flea, ciente dos esforços concentrados em John para que o mesmo abandonasse seu vício em clínicas de reabilitação, reaproximou-se do ex-guitarrista e sugeriu a possibilidade de seu retorno e conseqüente reunião do que foi a melhor época da banda. Os Chili Peppers vinham de um álbum irregular, "One Hot Minute", buscando uma peça que lhes garantisse estabilidade. John recebeu a proposta como uma nova oportunidade de reencontrar suas aspirações musicais, de recuperar-se como indivíduo e resolver os problemas financeiros criados a partir de seus anos errantes.


Em 1998 a Warner Bors. lançou "Californication", um grande sucesso comercial dos Red Hot Chili Peppers. O novo disco popularizou ainda mais o quarteto, graças às melodias acessíveis e abordagem radiofônica de muitas músicas. Com técnica bem mais simplória, as guitarras apostavam firme no lado emocional, fazendo com que a música funcionasse ao mesmo tempo comercialmente e artisticamente. Daí para diante, o seu trabalho nos Peppers destacou-se pela abordagem iluminada em canções notoriamente pop, transcorrendo pelo funk e pelas baladas certeiras.

Renovado e reconfortado pela aprovação de seu trabalho em "Californication", sua veia artística paralela foi devidamente nutrida quando a Warner concedeu-lhe a oportunidade de lançar seu terceiro disco solo, chamado "To Record Only Water For Ten Days". Longe da atmosfera sombria e esquizofrênica de seus dois discos anteriores, o novo trabalho revelava uma faceta até então desconhecida do rapaz.

Ainda adepto do lo-fi (o disco é uma coleção de canções em 8 canais), as músicas trafegavam por um curioso caminho pop, construído com guitarras, teclados e bateria eletrônica. Com sua voz combalida e dicção atrapalhada, ele finalmente cantava letras coerentes que primavam pela excelência melódica, assim como a estrutura de suas músicas. O disco que revela todas suas genialidades musicais, em um formato áspero e pela escolha da produção insignificante, mas igualmente belo pela concepção das canções. Frusciante teve espaço total para explorar seu brilhantismo,em uma linguagem acessível para os ouvintes de rock e reconfortante para seus anseios pessoais.

Em 2002, John autorizou a publicação em seu website de uma série de canções em formato MP3, sobras de seu terceiro disco, que em nada perdiam em termos de qualidade se comparadas às oficiais. O conjunto de músicas foi convencionado como o quarto disco da sua carreira solo, nomeado por um fã como "From The Sounds Inside", distribuído gratuitamente.

Após mais um período de sucesso massivo no Red Hot Chili Peppers (o disco "By The Way", de 2001, repetiu o êxito de "Californication" e apresentou novidades sonoras do quarteto), John entrou em estúdio para gravar seu quinto disco solo, "Shadows Collide With People". Lançado em fevereiro de 2004, o álbum apresentou diferenças significativas na maneira como foi conduzido e no formato que pretendeu assumir. Pela primeira vez, contou com a parceria de outro músico (Josh Klinghoffer) e com participações externas (Flea, Chad Smith e Omar Rodriguez-Lopez). O som rudimentar foi substituído por músicas bem produzidas e meticulosamente dimensionadas, sugerindo que a carreira solo poderia tomar rumos mais populares. Bem recebido pelos fãs, principalmente os de sua banda "oficial", o álbum serviu como um convite para que um público maior descobrisse as melodias irresistíveis de Frusciante.


Projetos Experimentais


A escapada para um ambiente mais convencional encerrou rapidamente, quando alguns meses depois seu website John divulgou um plano audacioso: seriam lançados seis novos títulos em sua discografia, num espaço de seis meses. Dessa vez, a Record Collection, uma subsidiária da Warner Bros., acolheria seus lançamentos.

"The Will To Death": primeiro da série, mostrando que Frusciante era um caldeirão de idéias. Este álbum é calcado nas sonoridades 70's, com clara influência de artistas como a cantora Nico.

"Automatic Writing": com participações de Joe Lally (Fugazi) e Josh Klinghoffer , possui muitos trechos instrumentais apostando nos climas e na experimentação, fruto de sua recente identificação com a música progressiva.

"DC EP": com produção do lendário Ian MacKaye, da banda Fugazi, o pequeno EP vinha com uma proposta um pouco mais simples, com uma interessante produção terceirizada.

"Inside Of Emptiness": é o projeto mais pesado e rock'n'roll. Riffs aos borbotões, muita aspereza e corrosão.

"A Sphere In The Heart Of Silence": mostra toda a influência de artistas eletrônicos como o Kraftwerk, além de um de seus principais interesses: os sintetizadores. O resultado em vezes se aproxima da fase Kid-A do Radiohead.

"Curtains": é a cartada final do projeto. É um disco acústico, recheado de violões e, principalmente, vocais em diversas camadas, com letras bastante melancólicas e prrimorosas melodias.

John Frusciante pode hoje em dia representar pouco para muitos fãs da banda Red Hot Chili Peppers e talvez não seja tão reconhecido porque ainda está vivo, e no mundo do rock mais vale um morto do que 10 vivos...

Então antes que John faça parte da constelação que já ocupa o universo, temos que aproveitar seus momentos de criação e adicioná-los em nossas vidas como mais uma lição: de que podemos errar como sempre erramos, mas que também aos poucos podemos ter de volta toda nossa energia e compartilhá-la com aqueles que permanecem ao nosso redor, com um simples instrumento na mão ou uma idéia.

Fontes : Muzplay - Coluna Kick Out The Jams (Adriano Moralis) ; Dying Days (Vicente Moschetti)

2 comentários:

Rocha disse...

O john ao meu ver é o melhor guitarrista. Quando eu digo guitarrista não é aquele que simplesmente entra no palco, ou em algum outro lugar diante de um público, e toca, mas sim pela sua história. O cara, se não me engano, treinava mais de 10 horas por dia. Sim errou em ter usado heroína, mas todo mundo erra. Estou muito triste por ele ter saido da banda...Espero vê-lo tocando novamente em suas obras solo.

Anônimo disse...

John além de um ótimo guitarrista é uma ótima pessoa, as drogas foram uma fase da vida dele que espero que não volte mais. Os trabalhos solos dele são realmente incríveis, ele tem muito talento. Enquanto a saída dele do Red hot.. quem sabe ele não volta de novo né?!