O INÍCIO
JELLO BIAFRA WITH D.O.A. (1989) - O ano de 89 também marcou o lançamento de Last Scream of the Missing Neighbors, disco composto em colaboração com a veterana banda canadense D.O.A., integrante do cast da Alternative Tentacles e, possivelmente, o mais famoso grupo punk saído do Canadá. Os “vizinhos” do título do disco são os dois países norte-americanos que, nesse caso, assinam um belíssimo álbum de punk rock.
Nascido em 17 de junho de 1958 e criado em Boulder, Colorado, Eric Reed Boucher, mais conhecido como Jello Biafra, garante que descobriu o rock’n’roll aos sete anos de idade, quando seus pais sintonizaram por acaso uma rádio rock. Foi esse o grande empurrão que faltava para que ele montasse sua própria banda, anos mais tarde, na efervescente San Francisco.
É um dos mais cáusticos,influentes e ferrenhos críticos da política dos Estados Unidos, insuflando idéias socialistas e revolucionárias para centenas de milhares de jovens há mais de 20 anos. Em 1979 foi candidato à prefeitura de San Francisco. Possuidor de uma personalidade ímpar e dono de uma retórica que faz inveja à maioria dos artistas supostamente politizados, Jello Biafra deve ser lembrado pelo caráter político de sua obra, sejam suas palestras (ou spoken words) lançadas em CD ou os discos do Dead Kennedys e tantos outros projetos paralelos com nomes importantes do rock, que marcaram duas gerações de punk rockers.
Fresh Fruits for Rotting Vegetables, o primeiro LP do Dead Kennedys, lançado em 1980, é entrada obrigatória em qualquer ranking que se proponha a compilar os melhores álbuns de punk de todos os tempos. Angular, irônico e baseado numa sonoridade própria, mas que bebeu na fonte da surf music e do insano rockabilly dos Cramps, o disco de estréia do Dead Kennedys tem todas as características de clássico. Canções como “Holiday in Cambodia” e “California Übber Alles” transformaram-se em hinos punks e, posteriormente, em hits alternativos que freqüentavam qualquer festinha punk ou new wave da década de 80. Não por acaso, foram essas as únicas músicas do grupo executadas ocasionalmente em FMs.
Após o primeiro LP, o Dead Kennedys já havia conquistado aura cult nos EUA, inclusive por ter sido o primeiro grupo punk americano a excursionar pelo Reino Unido sem o suporte de uma grande gravadora. Desde o início a banda teve seu material lançado pela Alternative Tentacles Records, selo fundado por Jello.
Como muitas outras bandas da época, o Dead Kennedys pegou carona no hardcore, subgênero que se disseminou na América inicialmente com o Bad Brains, quarteto negro de Washington DC. O EP In God We Trust, Inc, de 1981, trazia uma carga sonora explosiva e Biafra mais ferino do que nunca. Ted, o baterista original, dava lugar a D.H. Peligro, que, desta forma, juntava-se ao baixista Klaus Floride e ao singular guitarrista East Bay Ray. Um ano depois era lançado o segundo álbum de estúdio – o feroz Plastic Surgery Disasters - que a Alternative Tentacles editaria junto com In God We Trust, Inc num único CD, ainda no início da era compact disc.
Em 1985, o Dead Kennedys lançaria seu álbum mais polêmico e também o favorito de Jello Biafra: Frankenchrist. O disco traz algumas das canções mais elaboradas do repertório da banda, passeando pela melaconlia de “This Could be Anywhere”, o tema musical “robótico” de “At My Job”, chegando à irresistível “MTV Get Off the Air”, hardcore abrasivo com adição de trompetes e letra que ridiculariza a Music Television.
Frankenchrist também resultou no primeiro processo criminal contra um LP na história americana. O motivo: um poster do artista plástico e escultor suíço H.R. Giger, vencedor do Oscar de efeitos visuais pelo filme Alien, que era parte integrante do LP e foi considerado obsceno pela Justiça da Califórnia. Em abril de 1986, oficiais das polícias de San Francisco e Los Angeles invadiram as sedes da Alternative Tentacles e da distribuidora Mordam Records, além do apartamento de Biafra, para confiscar os discos.
O episódio levou Biafra a comprar uma histórica briga contra o PMRC (Parental Music Resource Center), órgão responsável por classificar música e conferir aos álbuns o infame selo “Parental Advisory: Explicit Lyrics”, que indica quando um CD traz palavreado chulo ou citações a suícidio, homossexualismo, entre outros. À época, a manda-chuva do PMRC era a senhora Tipper Gore, esposa do candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais americanas, Al Gore.
Bedtime for Democracy, o derradeiro LP, lançado em 1986, retoma um pouco da velocidade e agressividade hardcore, destilando a fúria de Biafra contra a estupidez americana. O título do álbum é uma resposta apropriada ao crescimento da censura naquele país e à tragédia de erros que se transformou o “caso Frankenchrist”. Embora mais irado que o anterior, Bedtime também apresenta melodias elaboradas (“Cesspools in Eden”, “D.M.S.O.), resultando num trabalho sólido e que fecha um ciclo na história do punk americano. O Black Flag também encerraria as atividades naquele ano, lançando aquele movimento musical num período de limbo completo.
JELLO BIAFRA WITH D.O.A. (1989) - O ano de 89 também marcou o lançamento de Last Scream of the Missing Neighbors, disco composto em colaboração com a veterana banda canadense D.O.A., integrante do cast da Alternative Tentacles e, possivelmente, o mais famoso grupo punk saído do Canadá. Os “vizinhos” do título do disco são os dois países norte-americanos que, nesse caso, assinam um belíssimo álbum de punk rock.
Disponível para download na sessão Punk/Hardcore de Dezembro
LARD (1990) - Quem nunca prestou atenção ao que Biafra produziu depois do Dead Kennedys, deve corrigir essa falha musical com o impressionante The Last Temptation of Reid, do Lard. Lançado em 1990 pelo mesmo time de Power of Lard, reforçado pelo baterista William Rieflin (Ministry, KMFDM) em duas faixas, o álbum foi gravado no lendário estúdio Chicago Trax, segunda casa de Al Jourgensen, e é um dos registros mais violentos, psicóticos e criativos da década de 90. Nem mesmo o Ministry em seus momentos mais inspirados superou composições como “Forkboy” (música usada na cena da rebelião de presos de “Assassinos por Natureza”), “Pinneapple Face” e “Sylvestre Matuschka”. The Last Temptation of Reid é o casamento perfeito dos riffs venenosos de Al Jourgensen e toda a atmosfera de pesadelo eletrônico do Ministry com a peculiar inflexão vocal de Jello Biafra. Não é exagero afirmar, pela intensidade de cada faixa e a singularidade de cada letra, que The Last Temptation of Reid é uma obra-prima perdida da última década. Outros álbuns do Lard : "Power of Lard" (EP), "70's Rock must die", "Pure Chewing Satisfaction"¹.
LARD (1990) - Quem nunca prestou atenção ao que Biafra produziu depois do Dead Kennedys, deve corrigir essa falha musical com o impressionante The Last Temptation of Reid, do Lard. Lançado em 1990 pelo mesmo time de Power of Lard, reforçado pelo baterista William Rieflin (Ministry, KMFDM) em duas faixas, o álbum foi gravado no lendário estúdio Chicago Trax, segunda casa de Al Jourgensen, e é um dos registros mais violentos, psicóticos e criativos da década de 90. Nem mesmo o Ministry em seus momentos mais inspirados superou composições como “Forkboy” (música usada na cena da rebelião de presos de “Assassinos por Natureza”), “Pinneapple Face” e “Sylvestre Matuschka”. The Last Temptation of Reid é o casamento perfeito dos riffs venenosos de Al Jourgensen e toda a atmosfera de pesadelo eletrônico do Ministry com a peculiar inflexão vocal de Jello Biafra. Não é exagero afirmar, pela intensidade de cada faixa e a singularidade de cada letra, que The Last Temptation of Reid é uma obra-prima perdida da última década. Outros álbuns do Lard : "Power of Lard" (EP), "70's Rock must die", "Pure Chewing Satisfaction"¹.
TUMOR CIRCUS (1991) - Ao lado de três integrantes do Steel Pole Bathtub e do australiano Charlie Tolnay, do King Snake Roost, forjou o projeto Tumor Circus, que lançaria álbum homônimo. O resultado é o material mais estranho e menos comentado que Biafra ajudou a criar. O som tem um tipo de “sujeira” que não existe em qualquer outro disco que ele tenha participado. As letras se encaixam perfeitamente com esse material, já que guardam pouca ou nenhuma semelhança com outros temas de interesse de Jello.
JELLO BIAFRA WITH NOMEANSNO (1991) - Uma colaboração entre Jello e a insana banda canadense NoMeansNo: The Sky is Falling and I Want My Mommy. Além do título hilário, o disco desfila oito faixas que vão do punk rock clássico (“Bad”), ao hardcore no melhor estilo de Bedtime for Democracy (“Jesus Was a Terrorist”). Mas isso é o mais convencional que saiu da união entre Biafra e o NoMeansNo. As demais faixas de The Sky is Falling trazem jazz-punk (“Bruce’s Diary”), os riffs pirantes de Mr. Wrong (especialmente a faixa-título e “Ride the Flume”) e toda a claustrofobia sonora da estranha “Chew”.
JELLO BIAFRA WITH MOJO NIXON (1994) - Em 1994 ainda não soava tão cool juntar punk e country music, mas Jello Biafra abraçou a idéia de gravar um álbum com o cantor Mojo Nixon. Ainda que Prairie Home Invasion traga menos interferências punk do que se poderia supor, o disco é uma agradável mistura de gêneros primos como country tradicional, rockabilly e o que foi batizado recentemente de “alt-country”. Há pitadas de Dead Kennedys em pelo menos duas faixas (“Buy my Snake Oil” e “Mascot Mania”), mas o clima geral é de um passeio pela música americana de raiz, com uma pegada mais rockeira e letras muito bem humoradas. “Atomic Power”, por exemplo, é regravação de um jingle dos anos 50 para promover as benesses da energia atômica (!), “Will the Fetus Be Aborted” é uma paródia do standard country “Will the Circle be Unbroken” e “Are You Drinking with Me, Jesus?”, composição original cantada por Mojo Nixon, fala sobre um cara que encontra Cristo num bar. Prairie Home Invasion também tem letras sérias (“Burgers of Wrath” e “Hamlet Chicken Plant Disaster”) e uma deliciosa regravação para “Convoy in the Sky”, de Jimi Jones, com arranjos que remetem às trilhas dos filmes de spaghetti western.
JELLO BIAFRA WITH NOMEANSNO (1991) - Uma colaboração entre Jello e a insana banda canadense NoMeansNo: The Sky is Falling and I Want My Mommy. Além do título hilário, o disco desfila oito faixas que vão do punk rock clássico (“Bad”), ao hardcore no melhor estilo de Bedtime for Democracy (“Jesus Was a Terrorist”). Mas isso é o mais convencional que saiu da união entre Biafra e o NoMeansNo. As demais faixas de The Sky is Falling trazem jazz-punk (“Bruce’s Diary”), os riffs pirantes de Mr. Wrong (especialmente a faixa-título e “Ride the Flume”) e toda a claustrofobia sonora da estranha “Chew”.
JELLO BIAFRA WITH MOJO NIXON (1994) - Em 1994 ainda não soava tão cool juntar punk e country music, mas Jello Biafra abraçou a idéia de gravar um álbum com o cantor Mojo Nixon. Ainda que Prairie Home Invasion traga menos interferências punk do que se poderia supor, o disco é uma agradável mistura de gêneros primos como country tradicional, rockabilly e o que foi batizado recentemente de “alt-country”. Há pitadas de Dead Kennedys em pelo menos duas faixas (“Buy my Snake Oil” e “Mascot Mania”), mas o clima geral é de um passeio pela música americana de raiz, com uma pegada mais rockeira e letras muito bem humoradas. “Atomic Power”, por exemplo, é regravação de um jingle dos anos 50 para promover as benesses da energia atômica (!), “Will the Fetus Be Aborted” é uma paródia do standard country “Will the Circle be Unbroken” e “Are You Drinking with Me, Jesus?”, composição original cantada por Mojo Nixon, fala sobre um cara que encontra Cristo num bar. Prairie Home Invasion também tem letras sérias (“Burgers of Wrath” e “Hamlet Chicken Plant Disaster”) e uma deliciosa regravação para “Convoy in the Sky”, de Jimi Jones, com arranjos que remetem às trilhas dos filmes de spaghetti western.
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NO WTO COMBO (2000) - É uma banda e a resposta musical ao famigerado encontro da OMC em Seattle, ocorrido entre o final de novembro e o início de dezembro de 1999. Idealizado por Biafra, em parceria com o ex-baixista do Nirvana Krist Novoselic, o No WTO Combo realizou um único show e contou ainda com as participações do guitarrista Kim Thayil (ex-Soundgarden) e da baterista Gina (Sweet 75). Live from the Battle of Seattle é o nome do disco.
NO WTO COMBO (2000) - É uma banda e a resposta musical ao famigerado encontro da OMC em Seattle, ocorrido entre o final de novembro e o início de dezembro de 1999. Idealizado por Biafra, em parceria com o ex-baixista do Nirvana Krist Novoselic, o No WTO Combo realizou um único show e contou ainda com as participações do guitarrista Kim Thayil (ex-Soundgarden) e da baterista Gina (Sweet 75). Live from the Battle of Seattle é o nome do disco.
JELLO BIAFRA WITH MELVINS (2006) - Never Breathe What You Can’t See é o título do novo trabalho de Jello Biafra, escrito em colaboração com a lendária banda americana Melvins e que chega ao mercado em outubro. O álbum põe fim a um hiato de quatro anos desde o EP 70’s Rock Must Die, do Lard, e registra uma nova parceria musical entre Biafra e uma banda em dez anos – a última tinha acontecido com Mojo Nixon e seus Toadliquors.
Fontes : Rockpress #60 (Texto de Eduardo Abreu), Revista Trip #148 (Texto de Bruno Torturra Nogueira).
4 comentários:
Sou mto grato por esse blog, grande trabalho,gostaria de telo conhecido antes. Estarei sempre por aqui,obrigado mesmo!
Dead kennedys é uma banda eterna, e vale a pena conferir todos os trabalho de Jello Biafra.
O Mojo Nixon esta com o link quebrado se puder consertar.Obrigado.
Salve ! Valeu pela força cara !
Seguinte, este link está quebrado mesmo, esqueci de retirá-lo... Este disco está postado na seção "Experimental Rock" de Agosto, ok ?
Abraço !
Links dead...
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