domingo, 9 de dezembro de 2007

BIOGRAFIA - JELLO BIAFRA, O ÚLTIMO PUNK (Parte I)

JELLO BIAFRA HOJE

Se os Ramones são os pais do punk, este cara é o professor. Jello Biafra vive perto de São Francisco em uma casa própria sem muito luxo. Tem gravadores, muito papel e uma enorme biblioteca carregada de livros de história e política, seu assunto favorito. Até porque, para ele, política e música não são lá muito diferentes. Desde que chegou à fama com sua antiga banda, os Dead Kennedys, suas letras, fúria e uma inconfundível ironia estão a serviço da resistência ao silencioso totalitarismo que, segundo ele, faz dos EUA o triunfo do fascismo.

Apesar do desgaste com a questão dos tribunais envolvendo os antigos ex-integrantes do Dead Kennedys, Jello tem estado mais envolvido do que nunca na realização de palestras pela América em favor das liberdades civis. Biafra também esteve na lista dos presidenciáveis do Partido Verde nas últimas eleições, tendo o jornalista Mummia Abu-Jammal como possível vice-presidente, mesmo estando este no corredor da morte.

No ano passado, Jello fez algumas participações em shows de Ice-T/Body Count, cantando “Cop Killer”, e Henry Rollins – na turnê beneficente ao West Memphis Three (três jovens condenados à morte sob absurdas alegações) -, cantando o clássico do Black Flag “Jealous Again”.O Lard também fez uma raríssima jam session em março de 2003, em Los Angeles, como parte de um show do Ministry, tocando as faixas “War Pimp Renaissance” e “I Wanna Be a Drug-Sniffing Dog”. Biafra foi convidado ainda por Fat Mike, do NOFX, para participar da Punk Voter, entidade que visa incentivar jovens americanos a votar. O mesmo Fat Mike, que é dono do selo Fat Wreck, lançou recentemente a coletânea Rock Against Bush, que inclui várias bandas e artistas contrários à administração de George W. Bush. Biafra cedeu a canção “That’s Progress”, gravada com o D.O.A. em 1989.

Também em 2003, Jello participou da música “Allah Save Queens”, da banda Carpet Bombers for Peace, imitando a voz de Bush filho. A faixa aparece na coletânea beneficente Salt in the Wound.Envolvido com política até o pescoço e preparando o lançamento do CD com o Melvins, Biafra descarta qualquer possibilidade de participar do reformado Dead Kennedys: “Eles (Ray, Flouride e Peligro) têm me levado à côrte por quase seis anos e recusado qualquer tentativa de reconciliação. (…) Acho que dificilmente estarei decepcionando os fãs ao não participar dessa picaretagem nostálgica”.


DEAD KENNEDYS E O LITÍGIO

Depois do fim dos Dead Kennedys, aconteceu um desgastante e embaraçoso processo movido por seus ex-colegas de banda, East Bay Ray, Klaus Flouride e D.H. Peligro, que forçou Biafra a diminuir o ritmo de sua produção musical. O caso, quase tão surreal quanto o confisco dos posters de Frankenchrist, em 1986, abre precedentes para que qualquer artista processe uma gravadora quando achar que seus velhos discos deixaram de ser divulgados. É basicamente nisso que se sustenta a argumentação dos três músicos que, ainda por cima, ressuscitaram o Dead Kennedys para realizar constrangedoras turnês.

“Estou profundamente enojado com os ex-integrantes do DK. Não consigo acreditar que eles tenham virado as costas e urinado em cima de tudo aquilo em que a banda sempre se apoiou, revelando-se pessoas tão podres e gananciosas. Eles me processaram por não agir como uma gravadora de rock corporativo e o que desencadeou tudo isso foi minha recusa em deixar que ‘Holiday in Cambodia’ fosse usada num comercial da Levi’s. Para mim (ter feito isso), seria a maior facada nas costas das pessoas que apoiaram nossa música e o conceito por trás dela durante todos esses anos. (…) Tem sido muito difícil preservar meu orgulho pela música, e separar isso do fato que eles se tornaram traidores imundos”, declarou Biafra ao fanzine Juice Mag, em 2001.

No dia 16 de julho de 2006, porém, a guerra parece ter chegado ao fim. Através de um comunicado em seu website, Jello afirmou: “Eu e a Alternative Tentacles largamos mão de buscar alguma justiça no processo ganancioso movido pelos três ex-Dead Kennedys (…). A côrte negou-se a ouvir qualquer prova das muitas coisas sinistras que eles fizeram desde o (início do) processo. Mas isso não quer dizer que o veredito ou a decisão do juiz sejam mais verdadeiras que a eleição democrática de George W. Bush (…). Nós continuaremos nos opondo à imbelicização e à cafetinagem do catálogo do Dead Kennedys, aos shows cafonas de ‘reunião’, à venda da minha imagem para video games etc (…). Encerrar nossa defesa legal não quer dizer apoiar ou recomendar qualquer lançamento do Dead Kennedys pelas gravadores Decay Music, Manifesto, Plastic Head, Cleopatra, MVD etc. Eu não posso. Estou muito envergonhado”.

Fontes : Rockpress # 60 (Texto de Eduardo Abreu), Trip # 148 (Texto de Bruno Torturra Nogueira)

4 comentários:

Colonnelli disse...

Jello Biafra,

essa história parece ter acontecido com Zack de la Rocha também. Incrível como as coisas se repetem,e a ganância dos acéfalos continua interminável.

Muito Bom seu Blog.

Mantenha-se...

Anônimo disse...

jello biafra vc esta mais do que certo . o dead kennedys da sua epoca era muito foda . mas hoje eu tenho vergonha de falar que conheço essa banda. vc foi o cara enquanto durou. parabens jello biafra vc sim é um verdadeiro punk. é como diz a letra da musica do gritando hard core ... punk não morreu punk não acabou, punks de punks. vc é um deles que esta vivo ate hoje. e parabens pelo seu novo cd esta muito bom seu projeto com o guatanamo of school of medicini. valeu jello biafra vc é o cara mano tudo de bom... ass gebinho.

João disse...

Curti muito o post! Vou ler as outras partes! Jello Biafra, um dos meus ídolos, pra mim é uma das poucas pessoas q hj podemos chamar de punk, porque ser punk não é sair por aí pagando de moicano e batendo em emo... ser punk é fazer o que Biafra faz, buscar um mundo mais justo de alguma forma, fora ou dentro do sistema. Logo se ve q os outros tres nm sao verdadeiros punks

Anônimo disse...

é isso ai punk um dia punk ate a morte